.uma lembrança que tive

As avós têm a tendência de serem preconceituosas, quando não são me surpreendem (principalmente nos olhinhos). Dizia minha querida Sally que eu não fazia a vontade de Deus e a natureza não era de valia alguma sem exaltação ao criador. Pois tudo tem de ser para Deus? E cita-lo-ei em que, se não desejo inteirar-me em sentido evangelístico? Deixe-me falar das rochas e da maré que afunda as rochas. Isso também é obra do Deus.

Aí, eu me lembrei das músicas que ela cantava.

Et loué sois-tu, Seigneur, pour notre frère le vent,
Et pour l'air et les nuages, et pour le serein et pour tous les temps,
Au moyen desquels tu donnes soutien à tes créatures!

Uma união de vozes saía do radinho do Adelfo que me entristecia. Não sou músico, e nunca -  nem na época -  me passou pela cabeça ser. Ele era esposo de minha Sally, porém não meu avô. Não tive avôs vivos e apenas Sally. Eu a chamava de sabiá pela vozinha fina e sineira. tlin – tlin – tliiiin! Que cabelos ela tinha. Dizia esconder o mundo em sua cabeça quando eu a olhava.

Foi quando moço eu ainda era; mas bem moço mesmo, quase pivete: ela me chamou e me deu de beber água. Disse que eu deveria sempre saborear agradecido o que tinha e nunca, jamais, fazer com meu talento, uma obra secular. 

Daí não lembro de ter gostado dela. 

Um texto antigo, que retirei, além da memória, dos arquivos empoeirados.