quinta-feira, 2 de setembro de 2010

.coisas barrocas

[da série: resposta aos poetas]
Gregório de Matos


À instabilidade das cousas no mundo.


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol e na luz, falta a firmeza,
Na formosura não se crê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.






Lucas Mesquita


A luz que permanece no mundo


Eu discordo, pois o sol se funde ao chão,
Vem seguido pela fome de Orfeu.
Ante ao fim, retorna pro que já sofreu,
Mesmo que, pra nós a senda é escuridão.

Sua luz de nada importa frente ao breu,
O sol só se acaba em triste solidão,
Contudo, renasce  adiante no Japão,
A beleza se ocultou, mas não se perdeu.

As contradições que causa, poeta,
É devido ao seu estado apolar,
Mas a luz se eterniza e nos afeta.

O mundo é ignorante e vulgar,
Mas carrega uma certeza predileta:
Que a firmeza relativa a quem amar. 

3 comentários:

Lívs. disse...

é, de poeta pra poeta, acho que o Gregório saiu perdendo (: Você é GENIAL! te amo.

Gaby Soncini disse...

HAHAHA, que criativo gente!

Luma disse...

Que delícia de texto!

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