O palhaço acordou, no dia seguinte ao anterior, com a cabeça dolorida e percebeu que nunca tinha tido um grande amor. Pobrezinho, não era o Pierrot e não tinha grinalda, resolveu sair da lona e tirar sua própria vida pra dela não ter mais que cuidar nos finais de semana. Olhou para o céu arroxeado e puxou as cordas que prendiam as estrelas no céu, fazendo, assim, caírem uma a uma sobre a terra de papelão e tinta guache. Não havia alguma alma no mundinho do palhaço, só um sopro e um girassol, pra que sempre se lembrasse que o amor maior não está na pele, mesmo que seja maquiada, todavia em se virar para o sol e respirar as cores do arco-íris.
O mundo era feito de tinta, o palhaço era o pincel. Pra cada palmo, légua ou passo, uma passarela de imagens era o que o mundo revelava. Por sobre a escada de papiro ele se enforcou na saudade e a corda, que segurava as estrelas, o puxou para cima e levou-o até o sol.
No dia seguinte ao anterior, um palhaço acordou e olhou para o céu, decidindo amar as cores do arco-íris, desde o anil até a si mesmo.
Depois da saudade
Quando se está esperando,
Mesmo que um só dia,
O que resta é como o maior silêncio
Que um dia não pode ter
E – cruzando os braços – assim
Chega o amanhã pra traduzir a esperança
Num banho quente
5 comentários:
Tá show ein!
nossa, quanta profundidade em palavras rasas...
tens o dom, hein.
preferido, esse.
Beijo do gordo!
Uhn, que coisa :]
E o felino, como será que fica?;
Que lindoo!
Louvo a Deus por conhecer tantos jovens maduros, decididos. Que amam a arte de escrever e que o fazem de uma forma singular. Parabéns pelo texto!
Postar um comentário