segunda-feira, 19 de julho de 2010

.o anjo de papel

A história do poema que queria ser lido.

(da série: poemas escritos por duas mãos direitas)

Esquecidos em resenha
Estavam os papéis
Poemas queimados a lenha
Aquarelados em nada por pincéis
Deixados em velha gaveta
Por seu autor e uma gasta caneta

Escrevia sobre o Natal
Trivial, das noites, do sol
Escrevia dos mares, o sal
Dos limites do gosto do anzol
Escrevia sozinho pra si
Cada rima esquecida de rir

De nada eram aproveitados
Ninguém os queria ler
Eram puramente rejeitados
Na sua simples forma de ser
Até que os rabiscos riscados
Viraram dobras de papéis transladados

Origami formado na fronte
De um ofício ao sorriso fiel
De poema, pra anjo de fonte
Virado em imagem, auréola e pincel
Pra que fosse inventado um motivo
Da poesia formar o que é vivo

E assim, letras mortas
Viraram asas de papel
Dobradas por mãos tortas
Para voarem ao léu
De inútil e sem vida
A folha passou a ser lida

Pra cada mão de cinco dedos
Não era mais papel de pão
Compunha amores e medos
Fora da forma padrão
A poesia mais lida no mundo
Com penas e poema profundo

E as letras disseram amém.

Lucas Mesquita & Lívia Macedo

2 comentários:

Talles Azigon disse...

e que digam amém e que digam o que sempre quer dizer, um poema perdido, um poema perdido dentro de uma velha gaveta corroído e consumido pelo tempo, um poema que jamais ira ser lido

coisa mais triste não há

Lívia Inácio disse...

que lindinho!

Esse poema me trás tantas lições!

Acho que eu precisava ler isso hoje!

Parabéns a vocês dois! =)

e,obrigada!

Bjinhos***

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