Daí, passava o dia, vinha um passarinho como quem não queria nada, nem alpiste ele queria, vinha o sol, a sombra debaixo dos pés, vinha a estrela, o vaga-lume, mas o relógio só querendo ser as cinco horas, só as cinco horas; as cinco horas daqui, as cinco horas do deserto, as cinco horas do Japão, como se ele pudesse dar a volta no mundo, sem ao menos dar a volta em si mesmo.
Miguel reparava muito nessas coisas. Miguel reparava em tudo, mas não queria avisar o relógio e interromper as voltas que ele fazia no planeta Terra, e deixá-lo para sempre pendurado em cima da porta.
texto originalmente publicado no blog de Rita Apoena: http://ritaapoena.blogspot.com/
1 comentários:
AAAAAH! mto, mto bom *-*
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